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terça-feira, 23 de maio de 2023

12 anos sem vc

 12 anos que me sustento num amor incondicional num exercício ininterrupto de testar a fé. Até aqui as misericórdias de Deus são a minha fortaleza. 

Tem dias que é o meu normal, racionalizar a respeito, espiritualizar o processo e a perda e tentar filosofar a experiência de viver sem você. Tem outros, que as atitudes precisam ser mais drásticas, porque a razão não dá conta da saudade, do vazio, das dúvidas de como seria ou ainda, de quanto tempo levará para o reencontro. Para esses dias, nosso universo é fundamental, e então lanço mão do nosso arcabouço de memória, e repito trilhões de vezes íntima e externamente que vai passar, respiro fundo e murmuro um dia de cada vez. 

Mas tem dias como hoje, que há 12 anos me reinvento.  Testei de tudo ao longo do tempo. Parece que o que faz o dia passar mais rápido, aliás o mês de maio inteiro, e funciona para mim é reverberar você.  E tento fazer isso na intimidade, todavia, tem horas que inunda, os olhos, a casa, a vida, a memória e aí deságuo aqui. 

Longe de ser uma forma de promoção pessoal (afinal quem gosta de viver dor e saudade?), mas acima de tudo promover você e agradecer a Deus pelos 17 anos ao seu lado. 

Você sempre foi o meu milagre. Primeira gesta e única levada a termo.  Gravidez bem complicada, parto da mesma forma e cinco dias de internação. Depois várias internações em decorrência da alergia severa, com alguns edemas de quincke e glote intensos, uma meningite aos sete anos com fortes convulsões.  Ainda assim, foi a criança mais disposta e alegre que conheci. Nunca vi acordando de mal humor, não sendo carinhoso, ou deixando de ser prestativo. 

Ao tempo em que crescia, vi na nossa relação uma cumplicidade, uma lealdade e uma parceria que julgava ser comum a qualquer relação mãe-filhO, julgava ser fruto do Complexo de Édipo, mas não era.  Era exclusivo de sua generosidade em me tornar uma pessoa melhor, ao me mostrar a vida pelos seus olhos: ao me impedir de pechinchar na feira pq dois reais mudavam a realidade de quem me vendia e não a minha; ao largar qualquer compromisso para prestigiar família; ao receber panfletos na rua para garantir empregos; ao fazer abaixo assinado para não permitir demissão injusta; ao oferecer casa para colega recém conhecida; ao oferecer colo e ouvido para os que procuravam e em especial, a mim, ao me dar os abraços mais acolhedores e os olhares mais compreensivos sem precisar dizer uma palavra. 

Xeberel nasceu de sua espontaneidade quando eu chegava e saia de casa. Fazendo duas faculdades e um emprego público desde seus nove meses exigiam muito jogo de cintura para estarmos juntos. Mudei sua rotina para te ver ao sair e chegar em casa.  E fazia disso uma festa, cheia de rimas que você ria (Xeberel e Rafapel eram as preferidas),  para que déssemos valor ao porto seguro de ter para onde e para quem voltar. Julgava te preparar para perder e não julgava que poderia perder novamente. 

Priorizei nossas refeições e banho juntos (e nossa parceria nas águas rasas e profundas). Não cabia tv nestas horas, e nos apaixonávamos pelos universos alheios nos nossos papos à mesa.  Essa foi a rotina mais difícil de estabilizar com a sua partida.  Criei hobbies tão nossos e códigos tão íntimos que posso assegurar que você me conhecia mais profundo que qualquer ser que já conviveu comigo, ou qualquer terapia que eu tenha feito, daí também a raiva na hora dos aborrecimentos porque você já sabia que eu não ia gostar, a ainda assim fazia. 

Nunca quis propagar perfeição, mas sempre enalteci o meu menino homem protetor e honesto. Que tinha sede de justiça e uma humanidade afetuosa e conseguia fazer isso ser leve.  Um olhar de tentar ver o melhor do outro, e várias vezes me dizer “mãe deixe o cara, já não sabe que é isso”, tipo para que perder tempo com isso.  Ou em coisas mais serias que eu não via saída e a criatividade dele estava restrita, já me dizia, “se não pode fazer nada mãe, faça tudo, ore”. 

Hoje é um dia assim, cheio de oração. Construir uma a rotina para 23/05 é a coisa mais difícil do dia, porque ele é impregnado de seu cheiro; de sua mão esquentada pela minha; da memória de meus dedos entre seus cabelos; de sussurros para você levantar dali; do beijo em seu rosto pálido e frio; do som do louvor que pedia para Ana Rita cantar; do desespero de chegada da hora do adeus; do barulho da chuva sobre mim enquanto escrevo seus dados na lápide;, do loop de perguntas a Deus do porquê de novo comigo e com meu único e de que me desse forças; e do medo de uma vida sem você. 

Daquele dia 23 para hoje tem também a chuva que cortou a madrugada e me permitiu o banho lembrando a gente e um olhar no futuro.  E por mais doído que seja o dia e as lembranças do adeus, eu ouço “anjo” eu gosto de poetisar a ideia de que você é o meu. Meu anjo, meu amor Rafael, meu Xeberel! 

Até breve, filho! Se eu pudesse agora materializaria meu beijo de batom vermelho em sua palma da mão, só para dizer que estou aí, e que carrego você sempre aqui. TE AMO!  


sábado, 23 de maio de 2020

09 anos sem voce!


9 anos sem você! E meu corpo ainda guarda a memória do pior dia da minha vida. Acordei no mesmo horário que o telefone tocou naquela noite, e fiquei em claro até praticamente a hora que eu vi seu nome naquela lista do Instituto Medico Legal, aquela hora nem sei como eu consegui respirar, alias sei sim...nos gritos na praça, no copo dá agua de um vigilante, e no abraço do pastor próximo às seis da manhã, ali foi a forma de Deus atuar e desde então já me carregava no colo.
A semana é toda sentimental, o mês é estranho. Tantas coisas fora do normal começam a acontecer para de alguma forma intensificar o amor. Do dia das mães ao dia 23 geralmente são 15 dias, extremamente repletos  de saudades e cheios de você.
Ao longo desse tempo, desde fazer formação em tanatologia (estudo da morte) a estudar muito sobre o processo para entender que não é loucura, tento descobrir  onde eu me desconectei de mim e dos planos que tínhamos,  e perpassam muitos obstáculos que exigem que eu honre seu nome e continue, ouço sua voz na minha imaginação, instigando-me a continuar mesmo que eu pare um pouco e de 500 passos para tras, eu sei que você sabe que não pararemos.
Esse dia 23 é diferente, desde que começou  nosso isolamento social decorrente de pandemia, eu tenho pensado muito mais em você. Acho que crises fazem isso! Nós acabamos ressaltando algumas coisas, e eu ressaltei  você. Usar as camisas de fotos durante esse período me fez me sentir acompanhada, falar sozinha, ou com você, também ficou  mais intenso, já que eu fazia isso quando oro pela manha dirigindo e agradecia por você, agora sem sair de casa, parece que você ocupa todas as esquinas da casa. E foi nesse clima cheio de você, que vesti coragem para deixar coisas irem.
Abri seu universo! Há 9 anos eu não dou conta de me liberar disso. E acho mesmo que eu precisava desse tempo. Até aqui eu vivia de memórias e lembranças, um punhado de fotos em vários arquivos com medo de perde-las, a necessidade de ter as mesmas fotos nos portas-retratos do quarto para criar uma rotina. Mas hoje eu mergulhei em sua praia com mais profundidade, e Deus cuidou inclusive disso.
Essa semana fui surpreendida uma amiga sua muito especial para gente que sonhou contigo, e no sonho você me mandava um recado. Continuava lindo, cheiroso, alegre, risonho, aquele  mesmo cabelo liso que caía e o jeito de passar a mão  e amigo. Muitos desses elogios eu recebi por whatssap e outros tantos na ligação telefônica que fiz emocionada agradecendo o compartilhamento. Quinta-feira outra amiga sua me responde uma mensagem e fala da dor e de como coisas banais como ouvir varias vezes  a voz da mãe, que há pouco mais de mês faleceu, falando coisas do cotidiano, favoreceu que eu pudesse falar de coisas compreensíveis no luto. Embora pareça irracional à luz de quem não compreende, eu e ela sabíamos que ouvir a voz centenas de vezes nos fazia-nos sentirmos vivas.  Eh acho que é isso! A dor é tão grande que anestesia a vida, parece que você plaina no ar e sai de si e tudo fica em câmera lenta em seu mundo, e lá fora tudo freneticamente evolui, menos sua capacidade de aceitar as coisas como são.

E ai, depois de uma semana tão intensa cheia de você, abri seus armários, suas janelas, suas gavetas e poderia ouvir você dizendo, “mãe que bagunça  lá vem você, eu já doei coisas em dezembro e está tudo arrumado do meu jeito.” Dessa vez eu te ouvi e continuei, acendi uma vela cheirosa sabor baunilha doce como você curtia, e percebi a cada cabide retirado do armário a historia de cada peça. Ao separar o que sairia e o que ficaria (ainda fiquei com muitas coisas e esta tudo certo, pelo menos por hora) me deparei com tantas historias, de um menino que eu comprei roupa e o vesti ate o final, e com raríssimas exceções minhas escolhas eram gongadas, como os últimos shorts de praia pq estava naquela fase de achar as pernas finas e preferir as bermudas tactel.  Ri ao dobrar todas as calças, como tentei que você usasse calça skiny e não consegui, você sempre tirava onda ou dizia que não era Zeze de Camargo. E depois de separar as que deveriam sair, dobrei cuidadosamente as que não estou pronta para liberar, como as duas primeiras camisas sociais (casamento de tio e final de ano), ou  o terno, ou o agasalho que trouxe do chile, ou a camisa da Coco Bongo que você comprou em Cancun, as camisas das escolas e uma onde o Mosquito nasce em apelido, ou as que tem uma historia nossa, ou a que seu avo deu do Brasil quando fomos penta acho. Mas ali ao dobrar as que não partiriam, lembrei de quantos sábados eram assim, você pegando a peça e eu as dobrando para rearrumar, para doar, para mudar de lugar, etc.
Achei os cintos, e mais nenhuma camisa de São Joao. Nós tínhamos dado todas, afinal eram sempre herdadas e não cabia mais nos seus 1,81cm, das ultimas vezes dobrávamos as mangas para não denunciar que já não serviam. Eu compensava com outras coisas, bota, chapéus, fivelas, aquele negocio de couro que põe por cima da calca. E cada coisinha me lembrava nossos preparativos. você seria o noivo na ultima quadrilha, mas não deu tempo. E ao lembrar isso como amo ter compartilhado com você, você topava tudo, eu me vejo nisso, e que prazer ter participado de seus momentos. Só gratidão!

Depois de toda as lembranças, fui olhar os sapatos e eu via teu pé chato, enorme, aquelas carnes na unha que me faziam perder a paciência para cortar tamanho seu escândalo, as botas, a crock, meu Deus eu nunca te agradeci por isso, Rafa usa 44 desde os 11 anos, nem sempre achava o modelo ou a cor que ele queria morando em Aracaju, mas o Senhor sempre cuidou, e tivemos sempre as vezes um único par disponível aqui, ate poder comprar de outros lugares, e ai você ter o direito de escolher o que usar, pq teve um tempo que era o que tinha, e ai lembrei do cheiro, ate que eu coloquei bicarbonato no tênis e você descamou o pe inteiro. O chule resolveu, e depois eu aprendi como fazer.  E todas essas memorias vieram intensas com cada aquisição e cada fase ao eu lado ate chegar na hora de tratar da sandália do acidente, e sim ela também ficou.
Resolvidos roupas e sapatos hora de abrir as 5000 caixas e me surpreendi com o que você guardava. Os apetrechos para andar de skate e patinete, você teve pais que tentaram te defender de tudo, e não conseguiram te livrar daquele dia 23. Mas ali achei as trocentas joelheiras e cotoveleiras e um monte de bola de tênis de uma época que era para ser boa heim, mas acho que não foi. Achei lembrança do niver de Sidinho, de Maya, vasos de sorine vazios, e de soro e atrovent e berotec e mascaras de aerossol, quanto aparelhos tivemos neh?
E ai não consegui me conter estava ali a sacola do relógio que te dei em 2009 . Dobradinha, e você não era de guardar isso. Dentro dela, o certificado do relógio  que você me deu no nosso ultimo dia das mães juntos. Eu sei o quanto eles representam para mim, e sei de sua alegria quando recebeu o seu.  Seguindo nessa empreitada achei os  perfumes, os do banheiro eu já tinha tirado com medo que alguém usasse-os e eu não percebesse que eles terminaram.
Espreei –os  e o cheiro era o mesmo e era como se você tivesse chegando sabe, o seu cheiro te anunciava, achei a necessaire e percebi que você era o cara mais metrossexual que eu conheci. Porque meu pai não era assim, nem o seu pai, pelo contrario.  E por mais homens com quem conviveu, não lembro de seus tios, ou de seu avo Roberto serem referencia para seu gosto, e então penso nas fases do jeans 10, depois das camisas natural art, depois a fase das coisas coloridas ate você perceber que era cuidando do rosto (inclusive usando minha base em pó) e dos cabelos meu Deus, se eu não limitasse eu não teria produto para o meu. Minha caixa de esmalte tinha a base para homens e eu ainda achei milhões de lixas de unha alicate e o conjuntinho que sua colega deu no ultimo ano, e que permanece na sua bancada.  Sinto falta de você não ter visto esse mundo blogueiro, você ia me dar opiniões que seriam referencia para vida, tipo, tem que usar o melhor e agora não tem que guardar etc.
Também não me desfiz dos instrumentos, pelo contrario, limpei e os dedilhei toquei, liguei e com certeza depois de seu abraço e seu cuidado, o seu jeito musical e poético e a coisa da qual sinto mais falta. Imagino todas essas lives nesse tempo aqui em casa, só nos dois, ainda imagino que tivesse em casa, embora se estivesse com ela também estava tudo ok agora, esses  09 anos também serviram para isso.  E do mesmo jeito, os livros e a forma como deixou sua bancada permanece resguardado, não tenho necessidade de desmontar agora.
Achei suas medalhas, e lembro de cada esporte que abraçou, e de como u dava um jeito de participar de tudo. Mesmo que você ficasse no banco, ou que sua equipe não fosse bem, mas eu queria estar ali. Ai achei o baralho, o domino, os jogos de tabuleiro...e isso me ligava a você, como me ligou ao meu pai.  E você sabia disso, e foi super companheiro de vida, no palitinho, domino, buraco, e no final tentou me ensinar poker e xadrez.  Como amo essas lembranças.
E então duas caixas enigmáticas. Uma caixa de sapato com duas calcas dobradas dentro, eu reclamava muito delas porque ficava com ar de desleixo, era a era da calça skyny e você nas cargos que deixavam a bunda mais batida e sempre era motivo de piada, não entendi porque você as guardou numa caixa de sapatos, talvez para que eu parasse de falar delas (risos) e outra caixa com minha correspondência com seu pai durante namoro e casamento. Lembro-me do dia que lhe dei, você me indagava pq eu não dei mais chances, como estava dando a quem não merecia, dei as cartas e bilhetes e meus diários, nossa conversa posterior foi tão adulta cheia de compreensão e colo, também num ciclo de quase nove anos pós-separação. Depois que ele leu eu disse que ia me desfazer e ele pediu, dizia que a historia dele começava ali. E ele acomodou tudo em outra caixa de sapatos, hoje eu sentia a mesma compreensão naquela cena, de me separar de suas coisas, e sim seu colo também me acolheu.

E assim fui esvaziando gavetas e cabides e percebi que estava me enchendo de você. Ate que achei a roupa de cama da praia do saco da ultima noite, quando eu voltei lá peguei suas coisas e o lençol, as dobrei juntas e coloquei num saco, ao abri-lo, seu cheiro me invadiu e eu me senti abraçada. EU precisei guardar tudo por esse tempo, para nesse momento tão delicado do mundo, e tão saudoso de vida, perceber que o cuidado de Deus é sobrenatural, porque nove anos depois, me senti envolvida no seus braços, do menino que abraçava com a alma. Sempre intenso, cuidadoso, e amoroso. O melhor de mim, o melhor de Deus.  Amo você, com todas as forças que seu amor me nutre, e Amo o Senhor Deus, que sabendo disso tudo nos garante que o melhor ainda estar por vi, e o cuidado que Ele teve conosco.
Nove anos de muitas saudades!



sábado, 31 de dezembro de 2016

Feliz Rafael 2017

Mais doze meses que se arrastaram .
Doze longos meses sem te ver, sem tocar, sem fazer planos para a virada do ano, tampouco compartilhar projetos do ano vindouro.
Esse ano que termina hoje foi o quinto sem vc.
E posso confessar que não aconteceu muita coisa de novo em minha vida porque por mais mudanças que apareçam, nenhuma supera o fato de vc não estar do meu lado .
As vezes fico imaginando o que usaria hoje , como estaria o cabelo, seu estilo, como negociaria o culto comigo.Ainda seria minha companhia ou já estaria planejando passar a virada com outra mulher que não eu? ...hehehe.
Uma coisa não posso negar, não ter respostas para nenhuma destas perguntas é a consequência mais devastadora da saudade após sua partida .
A não continuidade do que pensar e ainda assim sentir tudo como antes . 

Sentir você, sentir saudade, sentir amor e sentir uma vontade  imensurável de largar tudo e ir correndo te ver .
Hoje eu queria o beijo na testa e todos os elementos mágicos de ter você perto de mim.
Como te escrevi há anos atras, desejar tudo de bom no ano novo é desejar você. Então Feliz Rafael  2017!
Amo você! Até breve meu amor maior ❤️


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

As coisas buscando um ordem caótica de sobrevivência na sua ausência ...um natal aqui dentro !

Um Natal pronto aqui dentro!

Cheio de seus simbolismos e de suas lembranças.

Com coisas novas como você curtia. Com coisas feitas por mim... sem você sentado querendo ajudar madrugada a dentro.

Mais um natal diferente sem você e as cosias buscando uma ordem caótica de sobrevivência com sua ausência .

  Claro que o Natal só existe para que celebremos o nascimento do amor maior, pois Deus é amor .

Mas depois que meu pai se foi o Natal perdeu cor lá em casa... e só com sua chegada o Natal voltou a ter sabor, cor e um sentido maior...celebrar o amor em família.

Quase sempre lembro do espírito natalino com saudosismo pq te dizia várias vezes que para vc sempre era Natal. Seu Natal durava o ano inteiro. Vc sempre se dispunha a doar-se, a ajudar e a celebrar o amor e a amizade . Em grandes ceias ou num cachorro quente, mas sempre com gente por perto e sempre fazendo o bem.

Natal me lembra você e fugi tanto disso, de ter suas marcas nesta época. Mas sua marca em mim é maior. 

Hoje ainda faço as mesmas coisas que fazíamos: ligo o pisca e fico aqui tentando descobrir o balletts das lâmpadas e falando as coisas do dia como se você ainda pudesse me ouvir deitada no tapete da sala ... como fiz nos últimos anos ao seu lado (sem carpete por conta da alergia) . 

A única coisa que  nao consigo por é seu tapete musical de natal porque às vezes ele dispara só e dá a sensação que é você me dando os sustos como antes, mas fica o vazio porque não vem depois sua gargalhada .


É Natal hoje aqui em casa e estou sentindo uma saudade tremenda de você ❤️.

Meu presente de Deus !

sexta-feira, 29 de julho de 2016

O valor do beijo

Fico muitas vezes, ou o tempo todo me perguntando o sentido real da vida. 
Fico questionando coisas loucas, tipo, por que mesmo a gente precisa passar por isso tudo? 
Óbvio que quando as coisas são boas, e nos tornam felizes, esses questionamentos são mais espassados. Mas quando me deparo com a felicidade do outro, e a pessoa não consegue perceber o quanto abencoada é, eu fico questionando a Deus.
Será que eu era assim? Achava normal demais ter tudo, e não era grata? Será que a dor me fez ficar mais impaciente com a indiferença alheia?
Não sei...
Todavia hoje eu me pergunto, que sentido isso pode ter? 
E quanto mais  busco  o sentido do meu vazio, mais me esvazio quando vejo pessoas cheias sem dar valor às coisas que merecem ser valorizadas.
Ontem num almoco em família, meu avô irritado com as decepções familiares com filhos me disse, "é Annalu você nem sabe o quanto é difícil ter família...(no sentido do trabalho e desgosto que as vezes família dá, e o meu avô  ja perdeu filho, ja sabe um pouco dos desertos da vida com seus 80 e alguns anos).
Eu simplesmente respondi..."e o senhor não sabe o que é perder ela inteira."
E ele suspirou, dizendo engasgado..."é verdade. É pior mesmo."
E começo minha segunda-feira vendo o descaso reinar, e presencio a indiferença,  e a pessoa não valorizar os filhos que tem. 
Qual será o sentido para que eu veja tudo isso?
Hoje só enxergo um: morrer de gratidão a Deus. Agradecer, agradecer, agradecer.
Perdi tantos filhos, aliás perdi todos que não pude gerar e o que gerei perdi tambem. Mas ele conseguiu ficar do meu lado por 18 anos com o período de gestação.
Apesar de todas as ameaças de perda, estava lindo, foi lindo todo tempo, nasceu inchado, enrugado, mais de nove meses sendo só meu, cinquenta e um centimetros, três kg e 350g, mas tinha nascido com um problema grave, severo, crônico e letal...que os médicos não  disgnosticaram a tempo: seu coração não  cabia dentro do peito.
E com ele aprendi maternidade. E com seu amor pelo outro e pela vida, aprendi a: ser gente, a difícil arte de perdoar, de crescer, de conciliar, tudo que ele fazia com maestria.
Crescer com ele foi a minha melhor recompensa.
Senti alegria em cada dia da escola. Sabe aqueles dias estressados de manhã . Que voce está  de mal humor, atrasada, que o filho não come, que deu trabalho para levantar, que como você não tem empregada, e não  deixou separado a farda com antecedência, falta o par da meia casado, ou hoje é dia de educacao fisica e o short você está  passando, a blusa limpa é a que ele não gosta do tipo de malha e a que está molhada é a que ele queria usar,  você quase precisou derrubar a porta do banheiro para ele sair do banho, ou ele não  fez o que você pediu e está  atrasando mais ainda, ou o dever ficou faltando uma questão que não  deu para acabar ontem e quando você vai olhar ele fez errado, ou ele fez o trabalho que teve duas
semanas de prazo e deixou para imprimir na hora da saída...sabe aqueles dias que você está  chateada, aqueles que se você pudesse não  cumprimentava o mundo. 
Eu tive dias assim e mesmo naqueles dias, em todo o tempo de sua vida...eu tinha direito a beijo de despedida de Rafa na escola. 
Mesmo quando já  aos 17 anos, nenhum dos outros faziam com naturalidade, eu tinha o beijo sem a vergonha e na porta da escola. E ainda tinha o pedido de bênção a noite, antes de dormir.
Qual o sentido? 
Ontem me disseram "Deus não roubou Rafa querida, Deus só o levou. "

Embora eu saiba que sim. O sentimento não  é esse. 
E me pergunto...Por que ela -mae que não valoriza a benção de filho que tem -nao enxerga? 
Eu nunca imaginei que pudesse acontecer comigo. Perder filho. Perder beijo na saída da escola. Perder ele entrando em casa e dizendo: "mãe , cheguei. Coroa tem o que para comer?Coroa to com fome. Mae qual é a boa de hoje? vamos para  onde?" 

Perdi tudo isso. Perdi beijos de todo o tipo, em toda hora e em qualquer lugar. Perdi beijo no rosto quando chorava no cinema. Perdi beijo na cabeca quando chorava num culto. Perdi beijo no ouvido quando queria me arrepiar. E perdi selinho ou beijo na mao com a marca de batom....nosso registro.
E mesmo assim sofro por todos os beijos que não  dei. E recebi beijos todos os dias de minha vida ao lado de Rafa.
Não  conheci no mundo ninguem mais beijoqueiro que ele. 
Mesmo grande, a gente estava sei la...na mesa da casa de praia, vinte cadeiras, 12 ocupadas e oito, eu disse oito vazias, ele vinha e sentava em meu colo. E dali a pouco quando eu reclamava do peso, eu ganhava beijo.

Sábado eu conversando pela manhã  com minha mãe e minha irmã, e dizendo eu acho que hoje beijo mais do que beijava Rafa...e falava isso chorando, e minha mãe dizia não filha...você beijava ele sim e muito...é que ele beijava mais que todo mundo.

Sinto falta filho de te beijar e de teus beijos.
Mas fico buscando o sentido de mães não  fazerem questão dos beijos de seus filhos.
Hoje meu filho beija o Senhor...e as suas lembranças são como beijos suaves de Deus em minha vida.
Foi só um desabafo...hoje doeu mais.

domingo, 22 de maio de 2016

Cinco anos sem você !

Quanto tempo dura um
projeto de vida? 
Às vezes dura a vida inteira. Mas a grande maioria não. 

Fico pensando sobre nossos projetos relacionados às nossas idades. O ensino  fundamental é divido em menor e maior e não ultrapassa cinco anos nenhuma delas. O ensino médio também não. Nem mesmo uma faculdade(exceto a de medicina). Uma pessoa consegue fazer Pos, mestrado e doutorado nesse tempo também. 

Cinco anos ou um quinquênio era referência usada para muitos prazos legais. Deve ter um peso. 

As idades marcantes que comemoramos na vida são múltiplos de cinco, em sua maioria... 10 anos, 15 anos, bodas de prata, ouro, etc.
Eu também tinha os meus projetos e eram amplamente compartilhados com rafa. 
Mas uma hora tive que parar e eu não sei como sobrevivi. 

Mas estou aqui...
Há cinco anos sem você.
E recebendo o primeiro diploma do quinquênio de
sua ausência.

No início...mais difícil entender que a vida não mudou para os outros. E a dificuldade de entender a loucura de sentir saudade do que não viveu. De estar no show há dois dias dessa data se perguntando a todo momento se vai dar conta. Medo de reagir a cada encontro com alguém de seu convívio, que no abraço daquela hora é tão bom, mas depois só a gente sabe como recolher os caquinhos. 

Dificuldade de aceitar que o jogo nesta fase acabou para mim e ouvir relatos de quem ainda vive a maternidade, sem sequer pestanejar pu narrar os olhos, para não demonstrar a saudade que sente de falar de você ou de suas fases.

Mas continuo falando.
Todos os dias durante esses cinco anos, falei de você. E mesmo quando não tem quem ouça, eu ainda resmungo para Você ou beijo uma das suas fotos pela casa.

A força em continuar não é constante nem intensa. Às vezes ela falha e é como se naquele instante terminasse a fé ... Mas Deus acaba dando um jeito de reerguer e a gente vai sendo carregada até conseguir andar novamente.

Só que os grandes projetos, o que se espera do futuro...ah meu amor... Nada.
Basta que eu sirva ... Basta que eu faça o que você fazia sem força . Do nada estava pronto . E isso eu ainda não sei fazer. Mas tenho em você, em seu jeito de olhar para as pessoas e enxergar o
melhor , em sua forma de encontrar um jeito para tudo a esperança para seguir.
E ouvindo você sussurrando que tudo acaba bem ...
Esperando nosso abraço é nosso reencontro na casa do Pai e crendo com toda a força que nada nos separará só amor de Deus, nem mesmo a morte . E que mesmo a morte, quando dos eleitos do Senhor, é preciosa para Ele. Eu creio em Deus e no amor que Ele plantou em mim ao permitir que eu gerasse você, e no seu amor desmedido por sua família e amigos e aos que não conhecia e se dedicava a ajudar.

Você será sempre a minha melhor parte ... Minha razão de continuar e meu motivo de acertar -como eu te dizia desde pequeno.
Meu eterno Xeberel ! 
Saudades sem fim...
Cinco anos sem meu Xeberel.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Dia da saudade

Todo dia é para mim 
Dia da saudade...
Saudade do seu riso que me fazia feliz,
Saudade do seu cheiro que adocicava a minha alma 
Saudade de seu cuidado que me livrava de meus males 
Saudade de nossas conversas que traziam leveza para a estrada.
Saudade de seu silêncio quase nunca existente mas que me
fazia perceber o quanto mais feliz eu era quando você produzia som.
Saudade de seu dedilhar nas cordas do violão e de seu gosto musical que me impressionava.
Saudade de seus sustos na cozinha, de sua chegada em casa e de seus elogios à comida.
Saudade de seus abraços sufocantes e de seus beijos lambidos.
Saudade de suas imobilizações na cama e dos assobios e beijos estalados na orelha.
Saudades de sua sensibilidade e de você rodeado de crianças e bichos.
Saudades de você dormindo profundamente ali no seu quarto e eu saindo cedo e deixando a marquinha de batom em sua mão e no rosto para te avisar que te abençoei.
Saudade de você louvando a Deus e rearranjando musicas ou compartilhando o tanto que elas te tocavam.
Saudade de suas orações agradecendo a comida ou nos cultos domésticos fazendo orações.
Saudades de tudo que fazia com você e que não tenho a menor vontade de fazer sem.
E saudades das coisas que faço sem você mas que não esqueço como era bom fazer com.
Te amo! 

Saudades